terça-feira, 22 de julho de 2014

[fanfic #009] [Prólogo] [U2] Ausência


AVISOS:
  • História não recomendada para menores (temas adultos)
  • Contém sexo hétero e gay


AUSÊNCIA

PRÓLOGO

Estados Unidos, 1980

A garota acordou com uma sensação de intenso bem estar. A despeito das marcas em seu corpo, ela não sentia dor. Ou sentia, mas a lembrança do que a causara era muito agradável.
Ela se virou para olhar o homem ao seu lado. Um belo homem, sem dúvidas. A pele branca era coberta por pelos negros, e ele estava nu. Um jovem, uma criança ao dormir. Na noite anterior ele a fizera queimar, mas agora era um anjo, e aquele era seu céu. Ela queria abraça-lo, deitar em seu peito, beija-lo; mas isso o acordaria, e ainda era cedo. Ele precisava descansar.
Com um suspiro, ela levantou da cama. Foi para o banheiro e tomou um longo banho. A água fria lavou os vestígios que restavam sobre seu corpo, e ela sorriu. Estava limpa.
As toalhas do hotel eram macias, não machucavam seu corpo ainda sensível. Fechou os olhos enquanto se enxugava, e quando os reabriu viu que o jovem anjo estava parado na porta, assistindo.
— Bom dia.
— Bom dia. – a voz dele era maravilhosamente grave – Acordou cedo.
— Você também.
Houve um momento de mútua contemplação. Os olhos dele eram a coisa mais bela que ela já vira, de um azul celeste espetacular. Ele se aproximou e a abraçou, com uma expressão maliciosa. Sempre tinha aquele olhar sensual, provocante.
— Dormiu bem?
— Muito bem.
— E como se sente?
— Ótima. – ela se encostou no peito dele – Melhor do que nunca.
Ele passou a mão pelos cabelos úmidos dela.
— Ainda está doendo?
— Está, mas é bom. – ela olhou para aqueles olhos azuis – Me dá a certeza de que não foi um sonho.
O orgulho que os olhos dele demonstravam a fez sorrir. Ela sabia que não se arrependeria, sempre soubera. No instante em que o vira pela primeira vez, ela soubera que seria ele.
— Vou tomar um banho. – ele disse, indo para o chuveiro.
— Você tem algum compromisso hoje à noite?
— Tenho show. – ele respondeu, acima do barulho do chuveiro.
— E amanhã?
— Também. Parece que as pessoas gostaram, então estamos aproveitando.
— Eu tenho certeza de que gostaram. Vocês foram ótimos.
Ela assistia enquanto ele se ensaboava. Era um exibicionista incorrigível. Ela suspeitara disso quando o vira no palco. Agora, enquanto o assistia se exibir apenas para ela, tinha certeza.
Ele terminou de se lavar e saiu do chuveiro. Ela voltou para o quarto, enrolada em uma toalha, e instantes depois ele apareceu, sem se preocupar em se cobrir; afinal tinha um corpo perfeito, e era uma pena que não pudesse se exibir daquela forma em público. Jogou–se na cama e chamou a garota para o seu lado.
— Então – ela disse, deitando a cabeça no peito dele – você tem namorada?
— Tenho, mas ela ficou na Irlanda. E, pelo que eu vejo – ele pegou a mão direita dela – você está noiva.
— Você vê bem. Vou me casar daqui a três dias.
— Uau. – ele riu – Seu noivo não vai gostar quando descobrir que você não é mais virgem.
— Eu me entendo com ele.
— Você devia estar cuidando dos preparativos da festa, ao invés de ir fazer sexo com um roqueiro maluco que acabou de conhecer.
— Devia. Mas é bom fazer uma loucura de vez em quando.
— Se você não gosta do seu noivo, por que vai casar?
— Eu gosto dele. Eu o amo. Ele é o homem da minha vida.
— Se fosse mesmo, você estaria com ele agora, não comigo.
— Eu sei que parece estranho. Mas eu sentia que tinha alguma coisa errada. Eu ia me casar virgem, com o homem que eu mais amava, e que me amava também... Mas eu sentia que não devia ser com ele. E quando eu te vi, no show, eu tive a certeza de que tinha que ser você.
O orgulho brilhava novamente nos olhos dele.
— Obrigado. Foi uma honra pra mim.
Eles repetiram o que tinham feito na noite anterior. Quando, horas depois, se despediram, havia em ambos marcas que pela manhã não estavam lá.
— Você vem ver o show dessa noite?
— Não posso. Tenho que cuidar dos preparativos para o casamento.
— Então, não vamos mais nos ver?
— Não.
Ele estava triste. Gostara dela. Ela tinha os olhos iguais aos de sua namorada. Quando estivera com ela, quase sentira que era a sua amada quem estava ali.
— Escuta – ela arrumava o colarinho da camisa dele – eu tenho que te falar uma coisa.
— Fale.
— Eu tenho a certeza de que sua banda vai fazer muito sucesso. Daqui a alguns anos todos vão conhecer vocês, vocês vão conquistar o mundo. Vão ser uma das maiores bandas de rock do planeta.
— Nossa. – ele riu, e ela adorava aquele riso – Você é muito otimista.
— Não. Eu tenho certeza do que estou dizendo. E me prometa uma coisa. – ela olhava nos olhos dele – Me prometa que, quando isso acontecer, quando você conseguir tudo o que sempre sonhou, você não vai deixar de ser quem você é hoje. Não vai permitir que o sucesso mude você.
— Certo. Eu prometo.
E ele estava sendo sincero. Ela o beijou, e foi embora.

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